O ano de 2020 estava projetado como um marco para a rede de academias Smart Fit. Após encerrar 2019 com 797 academias na América Latina, a ambiciosa meta era inaugurar uma unidade a cada 36 horas, totalizando 238 novos estabelecimentos e ultrapassando a marca de 1.000 unidades. Contudo, a pandemia de COVID-19 alterou drasticamente os planos, levando ao fechamento indefinido de todas as academias.
O fundador e presidente da Smart Fit, Edgard Corona, teve que ajustar suas estratégias. Das novas aberturas planejadas, apenas as 70 atualmente em construção têm garantia de inauguração. O faturamento também sofrerá impacto, pois a empresa congelou automaticamente as mensalidades dos alunos, resultando em uma estimativa de queda de receitas de pelo menos R$ 150 milhões.
“Essa é uma crise que não tem manual, pois nunca ninguém viveu isso. Temos a crise do feirante que não tem para quem vender, depois não vai ter de quem comprar”, declara Corona à CNN Brasil Business.
Apesar dos desafios, a Smart Fit, pelo menos por enquanto, enfrenta a situação com recursos. Em novembro, a empresa levantou R$ 1 bilhão ao vender 12,4% de participação para o fundo canadense CPPIB. No mês anterior, obteve um aumento de capital de R$ 500 milhões com fundos do grupo Pátria, o principal acionista da empresa.
Surpreendentemente, a empresa está encontrando oportunidades durante a pandemia ao expandir um produto estratégico: um site com dicas e demonstrações de exercícios para serem feitos em casa. Com as restrições de quarentena, a Smart Fit disponibilizou gratuitamente o programa “Smart Fit Treine em Casa” para todos os usuários. Desde o início da quarentena em 18 de março, o site da Smart Fit atraiu mais de 1,6 milhão de usuários, com 400 mil acessos diários à plataforma para continuar os exercícios em casa.
Apesar da crise, esse é um setor no qual várias empresas, tanto de academias quanto de tecnologia, estão investindo para os próximos anos. Segundo a consultoria americana Grand View Research, o faturamento desse segmento específico deve triplicar até 2026, atingindo cerca de US$ 11 bilhões.
Edgard Corona reconhece que oferecer apenas esse tipo de conteúdo não é ideal, mas destaca que a empresa está conseguindo atender os clientes em um momento em que as opções são limitadas.
Embora a pandemia tenha impactado os planos de expansão e a busca por lucratividade em 2020, a Smart Fit busca enfrentar os desafios de maneira adaptável. O objetivo de superar a rival holandesa Basic-Fit como a segunda maior do mundo e atingir a lucratividade pode atrasar, mas a empresa procura aproveitar oportunidades emergentes, como o treinamento em casa, em um ano marcado pela imprevisibilidade da pandemia.